segunda-feira, 12 de março de 2018

ISO 44001 – Sistemas de Gestão de Práticas Colaborativas Empresariais

ISO 44001 – Sistemas de Gestão de Práticas Colaborativas Empresariais

O mundo está a mudar a uma velocidade nunca antes imaginável. Desde a revolução industrial o caminho tem sido longo, e hoje, cada vez mais, os modelos de negócio incluem colaboração, parcerias e alianças no seu desenvolvimento, diferenciando-se do modelo “Henry Ford”, de integração vertical.

As organizações são confrontadas com complexas exigências por parte dos mercados e da concorrência, com alterações e impactos tecnológicos e, em particular, com a pressão da sociedade na forma como comunicam e atuam.

É neste contexto que surge a ISO 44001, que representa uma nova geração de normas internacionais com foco em comportamentos, cultura organizacional e processos de gestão, fornecendo uma plataforma comum para apoiar relações comerciais sustentáveis ​​e aproveitar os benefícios do trabalho colaborativo.

Originalmente introduzida pelo governo do Reino Unido como PAS 11000, em 2006, a norma de relacionamento empresarial colaborativo visa facilitar a cooperação entre as organizações e maximizar os benefícios alcançados. Numa altura em que as relações organizacionais são essenciais para a continuidade do negócio, esta norma pode vir a ter um valor incalculável.

A colaboração não é uma solução em si, mas oferece uma perspetiva alternativa à cadeia de valor. Por exemplo, a integração na rede de fornecimento e entrega, tanto a nível local como global, pode ser otimizado focando nos limites entre as organizações, para que cada uma se concentre no que faz de melhor no processo comercial complementar.

O desenvolvimento de uma abordagem de colaboração permite às organizações ganhos de tempo para potenciar o seu negócio e inovar. Esta colaboração pode ocorrer através de pontuais abordagens táticas, alianças a longo prazo ou joint ventures.

A ISO 44001 não impõe uma única abordagem, reconhecendo que cada relacionamento tem as suas próprias considerações e particularidades, ao mesmo tempo em que aproveita uma série de benefícios.

O modelo do ciclo de vida CRAFT (Collaborative Relationship, Assessment, Fulfilment and Transformation), pilar da original PAS 11000, foi uma inovação para mudar a forma como as organizações procuravam desenvolver relacionamentos mais integrados. Este modelo reconhece que a colaboração fracassava frequentemente porque esta não era totalmente considerada até que as organizações tivessem progredido em grande medida na relação contratual. E defende que a colaboração bem-sucedida exige uma compreensão fundamental dos benefícios e do risco potencial antes do envolvimento dos parceiros, através da construção de uma abordagem sistémica da colaboração para assegurar relacionamentos sustentáveis ​​com as culturas e comportamentos adequados.

Durante o processo de desenvolvimento da ISO 44001 foram claros os benefícios da estrutura de alto nível definida pela ISO, dado que permitiu a integração progressiva de processos e sistemas aproveitando as práticas existentes, em vez de criar aplicações independentes.

A evolução da PAS 11000 para uma norma internacional exigiu a combinação do modelo de ciclo de vida com a estrutura harmonizada de alto nível para as normas de sistemas de gestão ISO.

A adoção de qualquer norma deve ser balanceada em relação ao valor que pode entregar às organizações que a implementam, seja para melhorar o desempenho interno ou para aumentar a confiança no mercado. Neste sentido, a ISO 44001 não é diferente de outras normas reconhecidas internacionalmente, como a ISO 9001.

A norma cria uma estrutura robusta, tanto para o setor público como para o privado, fornecendo uma plataforma neutra para estabelecer programas colaborativos sustentáveis ​​para benefício mútuo. O seu valor central é a linguagem e aplicação comuns entre parceiros, levando a uma melhoria na integração. Atuando como uma ponte entre as culturas para formar uma parceria ou aliança mais sólida, reduz confusão, proporciona confiança aos participantes e estabelece uma base para a inovação.

Fornece também uma base para benchmarking da capacidade colaborativa das organizações, tanto interna como externamente, que melhorará a avaliação e seleção do parceiro, em conjunto com o estabelecimento de uma diferenciação no mercado. Estabelece uma abordagem consistente, embora flexível, que fornece uma base para a eficiência e repetibilidade em vários programas, e maior oportunidade de se concentrar no desenvolvimento de valor, o que ajudará no desenvolvimento de capacidade no nível de trabalho.

Em suma, é uma norma que promove melhor envolvimento, comprometimento e eficácia através de processos de negócios fortalecidos, ao mesmo tempo em que melhora a gestão de riscos, aumentando a resolução de disputas e fornecendo uma base para o desenvolvimento de competências. Mais importante ainda, melhora o potencial para relacionamentos sustentáveis ​​que ofereçam valor.

Com efeito, a ISO 44001 é um instrumento particularmente importante para a promoção das boas práticas de trabalho colaborativo, fundamentais para as empresas inovadoras e/ou com vocação exportadora.



Saiba mais sobre este tema aqui http://www.instituteforcollaborativeworking.com/About/ISO-44001

quarta-feira, 7 de março de 2018

A nova ISO 45001:2018


A nova ISO 45001


A segurança no local de trabalho é uma preocupação vital para as organizações. Se consultarmos os dados do Congresso Mundial sobre Segurança e Saúde no Trabalho, o panorama é esclarecedor desta preocupação: cerca de 860 mil acidentes de trabalho causadores de lesão ocorrem a cada dia em todo o mundo, atingindo um custo total, direto e indireto, de 2,57 biliões de euros.

Perante esta realidade, entende-se a necessidade da existência de processos sólidos e eficazes que permitam evitar incidentes, e também que sejam transversais a todos os países do mundo para eliminar diferenças substanciais entre eles.

É aqui que entra a futura norma ISO 45001, que pretende ser uma ferramenta para ajudar a estabelecer e melhorar o ambiente de trabalho em matéria de saúde e segurança, prevenir acidentes e, em muitos casos, ultrapassar a legislação vigente.

Desta forma, o comité ISO/PC 283 está a trabalhar neste desafio da ISO para criar uma norma internacional, com requisitos auditáveis e onde se juntam, em apenas um documento, sistemas de gestão e guias, como por exemplo a OHSAS 18001 ou o Guia da OIT.

O desenvolvimento desta norma tem tido uma trajetória algo sinuosa, em que a busca de consenso e normalização de conceitos e práticas das diferentes regiões foi muito complicada. Aspetos como, por exemplo, a terminologia e definição de trabalhador, saúde, dano e deterioração, incidente ou a compreensão da cultura preventiva na empresa foram amplamente discutidos.

No passado dia 26 de janeiro foi dado o último passo para a sua publicação, com o voto consensual de 93% sobre o FDIS. Inicia-se assim o processo de publicação oficial, que se espera que aconteça no dia 12 de março.

As organizações encontrarão muitas semelhanças entre a principal norma de saúde e segurança ocupacional – OHSAS 18001, bem como algumas diferenças importantes.

De particular destaque, a nova norma usa a estrutura de alto nível (HLS), o que a torna consistente com outras normas de sistemas de gestão ISO, como a ISO 9001 (qualidade) e ISO 14001 (ambiente), ambas submetidas a atualizações em 2015. O objetivo é basear a família das normas ISO numa estrutura funcional comum que permite que as organizações as compreendam e se preparem para as auditorias de certificação mais facilmente. Traz também um novo nível de sofisticação, elevando a questão da segurança no local de trabalho para uma posição mais estratégica.

É reforçada a participação dos trabalhadores, devido ao foco nas necessidades e expectativas dos trabalhadores e partes interessadas, bom como o envolvimento daqueles, permitindo aos usuários identificar e entender sistematicamente os fatores que precisam de ser geridos através do sistema de gestão.

Há uma maior ênfase no pensamento baseado no risco, que se encontra intimamente relacionado com o compromisso ativo da gestão de topo e com a análise do contexto. As organizações devem determinar, considerar e, quando necessário, tomar medidas para enfrentar quaisquer riscos ou oportunidades que possam impactar, de forma positiva ou negativa, a capacidade do sistema de gestão de entregar os resultados pretendidos, incluindo a melhoria da saúde e segurança no local de trabalho.

A liderança na ISO 45001 tem um papel mais reforçado, em que a gestão de topo se compromete e envolve ativamente, e é responsável pela eficácia do sistema de gestão. A gestão de topo deverá ser um líder e não um chefe.

É dado também um foco especial ao controlo das atividades subcontratadas e do pessoal externo em relação à segurança e a saúde no trabalho. No fundo, a norma considera-os como parte da organização, não distinguindo o que é próprio ou externo.
A migração da OHSAS para a ISO reflete as necessidades e os desafios do século XXI. A OHSAS teve a sua origem numa norma britânica publicada pela primeira vez em 1999. Teve (e tem) um papel muito importante e tem sido eficaz, no entanto chegamos a um ponto em que é necessária uma verdadeira participação e relevância global para que a norma funcione no contexto atual empresarial. Como parte da família ISO, a ISO/ FDIS 45001 permitirá que as organizações usufruam de uma norma técnica mais reconhecida globalmente.

Para mais informações contacte-nos através de: geral@jorgemendes.pt

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

ISO 39001 – Sistema de Gestão de Segurança do Trânsito Rodoviário



ISO 39001 – Sistema de Gestão de Segurança do Trânsito Rodoviário




Diariamente a nossa vida é marcada pelo uso de veículos, ou por algum grau de interação com os mesmos. São hoje parte indispensável no nosso dia-a-dia, tanto pessoal como profissional. Uma parte significativa da nossa existência acontece nas viagens entre dois pontos, trabalho e casa.

Em 2016, houve mais de 32.000 acidentes rodoviários com vítimas em Portugal Continental, número que infelizmente aumenta todos os anos. Outro dado impressionante é a percentagem de acidentes mortais de viação em contexto de trabalho que, em 2015, representaram 24,8% do total de acidentes de trabalho.

Não é assim de estranhar que os riscos de acidente são um fator muito importante a ser considerado pelas organizações, uma vez que podem afetar de forma significativa a sua atividade. Optar por uma decisão estratégica para promover a segurança rodoviária, tanto na atividade de trabalho como nas deslocações profissionais, é fundamental para o futuro de todas as organizações, devido ao seu impacto não só humano, mas também social e económico.

A norma ISO 39001, Sistema de Gestão de Segurança Rodoviária, torna-se assim uma ferramenta chave com o objetivo de reduzir e, se possível, eliminar a incidência e o risco de lesões graves, e até a morte, em acidentes de trânsito provocados durante o trabalho ou em deslocação para o mesmo.

Desta forma, este sistema de gestão é indicado para qualquer organização, independentemente da sua localização, tamanho ou atividade, não se limitando apenas às organizações que têm como principal atividade o transporte.
Sendo a sua implementação uma decisão estratégica, destacamos alguns benefícios que advêm da mesma:

·         demonstração de um forte compromisso com a segurança rodoviária;
  • redução dos acidentes de trânsito, permitindo a gestão eficaz da segurança rodoviária e promovendo, por exemplo: o uso de mapas de rotas seguras, escolha do modo de transporte com maiores garantias de segurança, uso de transportes coletivos ou uso de modos alternativos de viagem, como bicicleta, etc.
  • melhoria da imagem corporativa;
  • aumento da confiança de todas as partes interessadas;
  • melhoria do ambiente de trabalho, uma vez que promove a implementação de medidas que reduzem o stress como, por exemplo, a promoção de carros partilhados ou rotas mais eficientes, o teletrabalho ou a flexibilidade nos horários. Estas medidas permitem uma grande reconciliação familiar, ao mesmo tempo em que elimina as horas de circulação;
  • melhoria da gestão ambiental como resultado da procura constante de soluções que promovam a redução da poluição, através da gestão mais eficiente das rotas ou ao uso de veículos menos poluentes e seguros, por exemplo;
·         redução do absentismo, aspeto intimamente relacionado com o ambiente de trabalho, além de reduzir o impacto que ocorre na organização devido a acidentes de trânsito.

Para auxiliar a sua implementação e permitir uma maior integração, a ISO 39001 baseia-se na Estrutura de Alto Nível fornecida pelo Anexo SL, como as novas versões das normas 9001 e 14001, partilhando uma estrutura comum, incluindo secções e requisitos específicos.

Para mais informações contacte-nos através de: geral@jorgemendes.pt